sábado, 13 de novembro de 2010

Mais uma carta de amor


Alice,

Saudade machuca a gente. Lembro-me daquela manhã de fevereiro de 2001: tão pequenina, tão frágil, bem no meu colo, com uma manta branca e rosa, os olhos fechados, a expressão suave. Descrever a emoção que eu senti segurando você no colo é impossível. Antes, até, ficava explicando aos outros a sua imagem no ultrassom; como alguém não conseguia te ver!?
No meio de meninos, seu tio e seu pai, eu sempre quis uma irmã. Ela não veio da mesma mãe: Deus a mandou em forma de sobrinha. Alguns anos depois, você chamava minha mãe de mãe, e a "Tia Edy" era sua irmã e ninguém provava que não era! Você foi, durante deliciosos dois anos, minha pequenininha, minha Vi, Vivi, quem me esperava feliz em casa, quem não podia me ver chorando que logo queria saber o que era para depois fazer carinho no meu cabelo. Era você que deitava de conchinha comigo para vermos filmes, desenhos; era com você que eu ia ao salão, ao shopping, à praia; não éramos irmãs: éramos amigas.
A dor do último abraço que demos foi terrível! Você ficou abraçada comigo até o aeroporto, onde, pela última vez desde então, eu te olhei; você ficou no carro. Eu voltei. Você foi dois dias depois. E agora eu não sinto mais seu cheiro, a menos que tente buscar aqui na minha memória.
Sinto saudades, minha pequena Alice, de quando eu pedia para morder o seu braço, e você logo começava a gritar; saudade de fazer cócegas; saudade de quando brincávamos de história inventada na hora; saudade dos livros que líamos em comum; da pipoca que nunca acabava; de dividir açaí com você; de receber ligação sua perguntando se eu não ia pra casa. Saudade.
Talvez nos vejamos nos próximos meses, não sei. O que dói é saber que, provavelmente, depois de um mês, eu sentirei as mesmas saudades, porque você vai voltar para onde está agora. #SaudadeDoi

P.S.: princesa, não fiquei louca: ainda sei seu nome. Alice é daquele livro que lemos, "Alice no país das maravilhas". Lembrou? Alice está com a irmã mais velha, adormece e vive todas aquelas aventuras.


Com o amor de sempre,
sua irmã.

sábado, 6 de março de 2010

O que me encanta


Há vários dias, venho chorando com uma música em especial, que eu amo há muito tempo: Jorge da Capadócia. Com a voz do Caetano, fica mais perfeito ainda!

São Jorge, no sincretismo, é Ogum na Umbanda e no Candomblé. Isso explica as batidas de tambor ao final do vídeo.

Lindo, lindo, lindo! Seja no Cristianismo, na Umbanda ou no Candomblé, a figura é de poder, força e proteção.

Salve, Jorge! Porque eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge.


Aí vai o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=WWfw6dhU8JY

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

E a Barbie se casou...


Quando criança, fantasiava sobre o casamento. Não, não pensava em príncipe no cavalo branco: ele já era cafona. Ao contrário, me lembro que meu imaginário marido era engraçado, fofo, estaria sempre do meu lado.

Lá pelos 11 anos, não sei ao certo o porquê, decidi (como se se decidisse algo nessa idade!) que queria sim ter filhos, mas que não queria me casar: seria uma mulher solteira, bem-sucedida, com apartamento, carro (que materialista!) e uma criança, de preferência menina. Não sei, acho que a opção “solteira e bem resolvida” estava na moda na época. A verdade é que nunca podemos tomar as decisões na vida antes de catarses. E ele ter aparecido na minha vida foi uma.

Cedo, bem cedo, aos 12, ele surgiu. Como quem não quer nada, mais um; não, não era mais um: diferentemente dos outros rapazes, por ele meu coração batia forte, eu ficava com cara de babaca e mal conseguia andar de tanta tremedeira.

Não queria namorar, eu queria mesmo era curtir. Só que com ele era muito diferente...com os outros, na segunda vez, eu já enjoava das piadas, da voz, do beijo...dele não! A sensação era sempre “poderia morrer agora, estaria feliz”, mas sempre com o desejo de não morrer. Não naquele momento, para que outros daqueles existissem.

Depois de um tempo, resistindo a tantas cenas à La “Malhação”, éramos namorados, mesmo que não ditos. Eu já não pensava mais no meu apartamento e na minha filha; queria dividir, compartilhar, somar, multiplicar. Com ele? Eu queria, mas tinha certeza de que não seria. Ele era o garanhão, o que contava, não o que qualificava. Não, ele não ia querer.

Quando vi, tínhamos 4, 5, 9 anos de namoro! Ok, no meio disso tudo, meu ímpeto “quero ser uma mulher bem-sucedida” voltou a aparecer, e eu cogitei jogar tudo pro alto, fazer um mestrado fora, viajar o mundo e que se dane namorado, marido, casa...quem precisa disso?

Só que não dava mais, eu já queria o que, por vezes, abominava. Queria chegar em casa e ver meu marido, queria engravidar, ouvir as primeiras palavras do meu filho...

E olha, não é que ele também queria?! Primeiro: planos. Segundo: aliança na mão direita. Terceiro: preparativos. Quarto: (muitas) contas – como casar é caro!

E depois, quando dei por mim, estava de braços dados com meu pai, com as portas da igreja fechadas ouvindo a clarinada anunciando que a noiva – EU – já ia entrar.

E neste 17 de outubro, minhas bochechas doeram de tanto que eu sorri. Não por causa do cabelo que ficou bacana, pelo buquê que agradou, mas sim por estar ao lado do meu amor, o único da minha vida, para quem eu vim, realizando um sacramento: nosso matrimônio.

E, depois desse dia, não foi só a aliança que mudou de mão: a minha vida mudou de lugar. Chegar em casa, na nossa casa, encontrá-lo e pensar “agora somos uma família!” é muito mais emocionante do que ouvir a marcha nupcial, mesmo você sendo a noiva.

domingo, 26 de julho de 2009

É o nosso!


De repente, um convite de casamento à minha mão. Não, não é de nenhum parente ou vizinho: é o meu. O meu convite de casamento. O que me surpreende não é o meu nome dentro, já que eu sou bem mulherzinha e sempre quis casar, mas sim o seu nome junto ao meu, pois, você sabe, eu achava que “essa coisa de casamento” não era pra você.
É impressionante parar e pensar em tudo que aconteceu nesses últimos quase onze anos (onze anos!!!); acho que nós já esgotamos as possibilidades de motivos pra brigas, términos...e, ainda assim, continuamos juntos.
Me lembro de quando olhei seu carro indo embora, você ligando o pisca-alerta pra mim pela última vez, pra se despedir; e eu, na varanda, com o coração despedaçado, sem chão, com vontade de sair correndo pra você não ir. Com a mesma tristeza, me lembro das palavras tão duras que saíram de mim, me lembro dos seus olhos carinhosos quando eu não conseguia – ou não podia – retribuir seu amor.
E algumas coisas causam mágoa sim, é normal. Mas o sentimento maior é que, depois de todo o tiroteio, nada nos abala, porque eu vim pra você, você veio pra mim, pra gente continuar o que já fizemos antes. São tantas lembranças, tanta experiências...
Quantas vezes eu achei que, a partir dali, minha vida seguiria sem você...e quantas rasteiras eu tomei do destino! Por vezes, meu sangue errou de veia dentro de você e se perdeu.
E agora eu me preparo para te encontrar, diante de tanta gente, pra confirmar o que já é fato entre nós: companheirismo e amor.
É gostoso te ver e ainda sentir frio na barriga, ainda ter vontade de ficar bonita pra você, ainda ver todo o encantamento no seu olhar quando olha pra mim.
Eu te pergunto “e daqui a 10 anos?”; eu sei que você ainda vai morder meu joelho.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Feliz dia do amigo!


Hoje é dia do amigo. Amizade é uma coisa interessante, né?! Há os amigos por conveniência, aqueles com quem estudamos e/ou trabalhamos; são chamados, muitas vezes, de colegas. Mas amigo amigo mesmo é aquele a quem nos unimos por afeto, carinho, identificação, que, na verdade, nem é tão necessária. Eu tenho uma amiga que é quase o oposto de mim, a quem eu amo de paixão.
É bonito ver, apesar do mundo tão corrido, das amizades por conveniência, do “sou seu amigo pra ir pra balada”, amigos que amam independente de quaisquer circunstâncias: namoros, dinheiro, baladas (ou a falta delas), crises. Porque, pra mim, amigo nunca foi aquele que me ligava para sair à noite: era para quem eu ligava à noite, de madrugada, numa terça-feira à tarde para chorar mágoas, ou para contar algo bom. Colegas há aos montes, mas amigos não. Colega você faz até na fila da boate; amigo é identificação de almas.
Amigo mesmo é aquele que aponta seus defeitos que ninguém tem coragem de dizer, mas fica do seu lado, apesar de. Amigo é a mão que você procura quando o mundo dá uma volta muito rápida e você fica tonto. Amigo é para quem você é apoio: mão, pés, braços, ouvidos; coração.
Um texto que rola por aí fala sobre namoro e diz que todos querem a cereja do bolo, mas ninguém quer comer o bolo. O mesmo acontece com a amizade: todos querem ter amigos, mas não sabem ser amigos; muitos querem falar, mas poucos ouvir.
E hoje, dia do amigo, quero agradecer aos meus amigos verdadeiros, aos amigos amigos, aqueles que nunca me deixaram sozinha, que me abraçaram forte no meio da tempestade e que pularam comigo nos meus carnavais. Aos meus amigos que souberam e puderam me amar, apesar das minhas muitas limitações e meus muitos defeitos. E, claro, à riqueza enorme que me proporcionaram ao dividirem suas vidas comigo.

Meus amigos e minhas amigas: todo amor.